O papel da lipoescultura no contorno corporal posterior

O papel da lipoescultura no contorno corporal posterior
Cirurgião plástico e membro da sociedade plástica no Brasil: Thiago Bezerra de Morais, CRM-PE 16484
Criação: 21 out 2013 · Atualização: 16 jul 2019

O contorno posterior do corpo feminino é feito de curvas e volumes arredondados que se projetam, conferindo sensualidade e graça. A lipoaspiração, as próteses de glúteo e os enxertos de gordura são as mais poderosas armas para se obter curvas e projeções. Nos dias de hoje é inconcebível a cirurgia do contorno posterior sem lipoaspiração.

Lipoescultura foi um termo introduzido pelo cirurgião francês Pierre Fournier. O termo parece bastante pretencioso e com aura de marketing, mas um bom domínio das técnicas de lipoaspiração pode levar um cirurgião habilidoso a realizar verdadeiras esculturas corporais.

A lipoescultura do contorno posterior pode dar resultados surpreendentes, mas na quase totalidade dos casos exige uma abordagem ampla, que inclui o dorso, a cintura, a gordura gluteotrocantérica e as demais áreas circunvizinhas, para que se possa obter esse tipo de resultado. Lipoaspirações setoriais podem não conferir um resultado harmonioso, podendo ficar aquém da expectativa. Portanto, uma abordagem ampla e por vezes circunferencial é a chave do sucesso para se obter um bom resultado no contorno posterior.

Planejando a cirurgia

Durante a consulta, um planejamento completo e detalhado da lipoescultura proposta deve ser preparado por escrito e, para o plano cirúrgico, os itens abaixo devem ser oservados:

  • Examinar todo o corpo da paciente, identificando amplamente as áreas que podem ser beneficiadas por lipoaspiração, lipoenxertia ou qualquer procedimento associado
  • Pensar sempre em uma abordagem circunferencial
  • Identificar áreas que podem ter sinergismo e saber aproveitar essa possibilidade
  • Avaliar todas as possibilidades de melhora na nádega (retrações, falta de projeção, depressão trocanteriana acentuada, etc.)
  • Não esquecer que a nádega é o centro do contorno posterior

O corpo humano é um cilindro. Um artesão, quando modela um vaso de argila ou cerâmica, usa uma ferramenta que faz girar a massa a ser modelada: o torno (inventado na Mesopotâmia, no quarto milênio antes de Cristo, e eternizado na indústria da cerâmica.). O torno, ao girar, oferece oportunidade do artesão fazer uma modelagem circunferencial. Quanto mais rápido o torno gira, mais precisa é essa modelagem.

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Dr. Thiago Morais

Devido à impossibilidade de girar a paciente, para que possamos tornear o seu corpo, tendo assim as linhas curvas de forma precisa, o cirurgião deve ter em mente o princípio de que a abordagem deve ser circunferencial. Para obter melhor proveito desse princípio, é necessário que a abordagem seja feita tanto pela frente, quanto pela parte de trás da paciente. A abordagem circunferencial trabalha o flanco e a cintura de forma adequada, pois permite um esvaziamento mais preciso do contorno, conseguindo uma superfície cilíndrica. A melhora das linhas curvas do contorno posterior é mais evidente neste tipo de abordagem.

A lipoenxertia (enxerto de gordura) das nádegas não serve apenas para o aumento glúteo, mas também, e na maior parte das vezes, para remodelar a nádega. Algumas áreas da nádega sofrem deficiência de volume por queda do tecido gluteotrocantérico, como é o caso da depressão trocanteriana e da parte superior da nádega; outras áreas sofrem atrofia por pressão continuada no local, como a depressão isquiática e, em alguns casos mais dramáticos, todo o pólo inferior da nádega. Essas áreas se beneficiam muito com o enxerto de gordura feito de forma seletiva, que mudam o aspecto de toda a região glútea, conferindo um arredondamento mais uniforme.

Volume adequado

O volume enxertado para preencher a depressão trocanteriana e a deficiência do pólo superior varia de 150 a 400 cc de cada lado. Apesar de o desenho marcado em pé ser bastante fidedigno, ele sempre se apresenta na sala operatória, com a paciente em posição prona, mais cefalicamente do que quando a paciente está em pé. Portanto, a enxertia deve ser sempre cerca de 2 cm mais caudal do que a demarcação feita previamente. Uma outra forma de contornar esse inconveniente é pressionar caudalmente a parte lateral da nádega, de forma a imitar a posição em pé.

Podemos resumir alguns princípios a serem seguidos para uma lipoescultura do contorno posterior com bom resultado:

  • A marcação deve ser cuidadosa e detalhada
  • A posição das incisões deve ser decidida no momento da marcação e devem resultar em cicatrizes mínimas e de boa qualidade; cicatrizes simétricas na região dorsal devem ser evitadas. As incisões devem permitir um bom acesso a toda a área que se pretende lipoaspirar
  • A abordagem deve ser ampla e, sempre que possível, circunferencial
  • Usar sempre a técnica infiltrativa tumescente (ao nosso entender, a mais segura)
  • Ter um bom arsenal de cânulas de lipoaspiração (curtas e longas)
  • O posicionamento da paciente na mesa cirúrgica deve permitir aspirar com conforto e, principalmente, com segurança
  • As cintas e esponjas compressivas devem pressionar suave e uniformemente a área, sem deixar pregas ou marcas de pressão
  • Ter um bom domínio do enxerto de gordura
  • Lembre que as nádegas são o centro do corpo visto por trás e que todas as possibilidades de sua melhora estética devem ser usadas

No próximo artigo discutiremos mais detalhadamente a gluteoplastia de aumento com próteses. Até lá!

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