Verdades e mentiras sobre a bioplastia
Atualmente são tantas as opções de tratamento estético para o corpo e o rosto que é difícil não se perder em meio a tanta informação. Uma das opções mais buscadas pelos pacientes interessados em pequenas correções estéticas, mas que não desejam se submeter a procedimentos invasivos como as cirurgias plásticas, é justamente a bioplastia. Mas você sabe o que é esse procedimento e quais suas indicações?
Conhecida também como plástica sem cortes, o primeiro que deve ser ressaltado sobre a bioplastia é que divide a comunidade médica quanto à sua aplicação e utilização. Os especialistas que são a favor do tratamento destacam como pontos positivos o fato de não haver pós-operatório, nem exigir internação, de demandar apenas anestesia local e poder ser realizado em um curto espaço de tempo (cerca de uma hora). Os resultados seriam visíveis quase que de forma imediata.
Já os médicos que são contra a bioplastia alegam os riscos que podem trazer para a saúde do paciente um tratamento feito sem a devida prudência. A substância utilizada não é absorvida pelo organismo, sua completa retirada é impossível e há um risco importante de inflamações.
De forma oficial, a bioplastia para fins estéticos não é recomendada nem pelo Conselho Federal de Medicina, nem pela Sociedade Brasileira de Dermatologia. O procedimento, entretanto, não é proibido no Brasil. Para zelar por sua segurança, os pacientes sempre devem optar por médicos habilitados.
O que é a bioplastia?
Esse tratamento estético tem sua origem nas técnicas de preenchimento, utilizando biomateriais não-absorvíveis para recuperar volumes, preencher rugas e sulcos. Atualmente, pode ser utilizado tanto no corpo quanto no rosto, principalmente nas áreas da maçã do rosto, nariz, lábios, panturrilha e glúteos.
O material que se utiliza habitualmente é o politilmetacrilato (PMMA). Trata-se de microesferas, que são injetadas nos músculos, ossos, gordura e pele, sendo o resultado definitivo (uma vez aplicado, não é absorvido pelo organismo).
O PMMA utilizado pelo especialista deve ser liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Está proibida sua manipulação em farmácias, independentemente da concentração.
Como é feita a bioplastia?
São utilizadas microcânulas (com pontas arredondadas) que fazem um pequeno furo na pele, por onde se injeta o produto no corpo do paciente, sempre em regiões profundas. Não se utiliza agulhas para que não haja risco de perfuração em vasos sanguínios ou nervos.
O PMMA pode ser encontrado nas concentrações 2%, 10% e 30%, sendo liberado pela Anvisa em seringas de 1ml, para que o objetivo da aplicação seja a correção de pequenos defeitos.
Os especialistas alertam que o uso em grandes quantidades, como em aumento de glúteos, é inadequado e pode ser muito perigoso, já que falta respaldo científico para determinar a validade e viabilidade da bioplastia nesses casos.
Segundo parecer do Conselho Federal de Medicina, o comportamento de grandes volumes de PMMA em preenchimentos intramusculares ainda é desconhecido, com inúmeros casos de inflamações e necroses. Até que haja informações técnicas suficientes, a recomendação é de cautela.
Que complicações podem ocorrer?
Apesar de ser um procedimento minimamente invasivo, podem aparecer complicações após a aplicação do PMMA. As mais frequentes seriam:
- formação de nódulos, especialmente na região da boca, que é mais delicada;
- edemas e hematomas, que são temporários e vão regredindo com o passar dos dias;
- necroses, casos raros e normalmente associados com a origem do biomaterial utilizado e/ou técnica do profissional.
Princípios básicos da bioplastia
Na hora de avaliar o paciente e planejar o tratamento, o médico deve seguir cinco princípios básicos da bioplastia:
- as regras de proporção devem ser sempre aplicadas. A volumetria deve ajudar a criar linhas e formas, realçá-las ou recuperá-las;
- o material utilizado deve ser liberado pela Anvisa;
- não devem ser utilizadas agulhas e sim microcânulas;
- o biomaterial deve ser aplicado por retroinjeção (introdução da cânula na profundidade adequada, material vai sendo injetado a medida que se retira a cânula);
- sempre fazer a aplicação em planos anatômicos profundos (osso, músculo e pele).
Se você ainda ficou com dúvidas sobre a bioplastia, pode publicar uma pergunta para os especialistas cadastrados no site.
Foto (ordem de aparição): por Raymond Bryson, Nick Fuentes e ms.gaevskaya (Flickr)