Câncer de mama: testemunhos de nove mulheres que superaram a doença

Câncer de mama: testemunhos de nove mulheres que superaram a doença
Formada em Publicidade e Propaganda, desde que me formei, sempre fui apaixonada pelas redes sociais, sou redatora há mais de 10 anos, com experiência no setor da medicina estética.
Criação: 25 out 2016 · Atualização: 21 jan 2022
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A cada ano são diagnosticadas com câncer de mama mais de 58.000 mulheres no Brasil, conforme dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Uma vez confirmada a doença, a cirurgia costuma ser o tratamento mais habitual para combater o câncer, complementada em muitos casos por sessões de radioterapia, hormonoterapia ou quimioterapia. Apesar disso, a retirada do tumor e de parte do tecido não atingido, o que na maioria dos casos inclui também a mama, afeta o emocional e a autoestima da mulher, que, além de ter que enfrentar o diagnóstico, tem que lidar diariamente com suas sequelas físicas e psicológicas.

Fany passou dois anos muito difíceis em função do câncer de mama, "o tratamento foi duro", a quimioterapia, muito violenta para o organismo, "pensei que nunca ia sair disso", escreve. Finalmente, perdeu a mama. Quando conseguiu se recuperar, enfrentou a reconstrução mamária. "A única coisa que eu pedia era um médico profissional, especializado e certificado, não queria me colocar nas mãos de qualquer um". A recuperação foi dura, sempre é. Agora, encontra-se com forças para enfrentar tudo, com muita vontade de continuar vivendo e de conquistar o mundo.

A coragem, a força e o valor que essas lutadoras demonstram ter contrasta com o desânimo que provoca o longo tempo que muitas delas devem esperar para poder se submeter a uma reconstrução de seios.

É o caso da Carolina, que, depois do diagnóstico, teve que se submeter a uma mastectomia e a 12 sessões de quimioterapia. Hoje ainda continua esperando para poder reconstruir a mama. Está "convencida de que o tratamento contra o câncer de mama deveria terminar com a reconstrução", procedimento que "vai além da estética, é a recuperação da confiança e da autoestima, é o peso e o volume que se perde, é a parte feminina da mulher", comenta.

No seu caso, morando no México, a reconstrução apenas é possível em alguns estados, onde "a fila de espera para este tipo de programa é enorme". Apesar disso, não desiste de se empenhar em "buscar uma opção alternativa". Seu desejo, como o de muitas, é claro: "Quero recuperar o que o câncer me tirou. Estou viva, mas não completa".

Em muitas ocasiões, a situação política e econômica do país está atrás do enorme atraso que existe para realizar a construção mamária. Aline espera a reconstrução há cinco anos, "o hospital responsável não pode fazer devido à crise". Para ela, que operou a mama direita, o mais doloroso é imaginar como vai ficar seu aspecto antes de comprar uma roupa: "sempre que vou comprar uma roupa tenho que pensar primeiro como vai ficar, fico muito triste com isso, eu preciso de uma cirurgia pra voltar a viver melhor, já que nunca mais vou ser a mesma pessoa".

A conscientização social é outro tema pendente. A solidariedade com o câncer de mama e a normalização da doença entre a sociedade ajudaria com que essas mulheres recuperassem sua autoestima.

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Ana Maria afirma que "É muito duro viver em uma sociedade em que a forma e o tamanho dos seios é mais apreciado que o que existe atrás deles". No seu caso, a reconstrução foi realizada alguns meses depois da mastectomia, que foi bilateral. Ela lembra o momento como uma etapa de "incerteza por não saber como ia ficar e de muita ansiedade". Apesar disso, "o mais difícil do pós-operatório foi a drenagem das feridas, além das dores que ainda me acompanham em alguns momentos". Agora ela diz estar feliz com sua imagem e, sobretudo, com sua vida.

Yessy está esperando a realização da reconstrução. No ano em que fez uma mastectomia radical, viu como a doença se reproduzia no útero, que também teve que ser removido junto com os ovários. Depois das sessões de quimioterapia, que chegaram a causar um desgaste físico e psicológico, recuperou sua autoestima e a vontade de continuar vivendo: "Não me importa que tirem meus seios, apenas quero continuar vivendo para minhas filhas, uma de 15 e a outra de 7 anos, que foram a força para eu não perder a minha fé". E comenta: "Hoje vejo meu corpo no espelho e digo: como superei isso?". Porque, como aponta, são muitas as que infelizmente ficam pelo caminho. A alegria de poder ter superado o câncer de mama se soma à extraordinária notícia de que, finalmente, pode se submeter à reconstrução de mama.

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A reconstrução é a melhor maneira de compensar os danos emocionais causados pela mastectomia. Por isso, Carine considera o procedimento "necessário e positivo" para a autoestima da mulher, ainda que o processo tenha sido, em seu caso, "longo e difícil". Lucia se submeteu a uma reconstrução mamária imediata, realizada na mesma intervenção que a mastectomia bilateral, uma vez que que o tumor e a mama foram removidos. Para ela, a reconstrução é o melhor modo de "recuperar a posse da feminilidade depois de um processo tão doloroso e traumático". Ainda que em seu caso, teve que repetir a reconstrução porque "não estava satisfeita".

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Para Jmsvarusha, ter o câncer de mama motivou a sua operação. "Fiz uma mastectomia com reconstrução imediata com a técnica de expansor (tisular) em um seio e uma tumorectomia com mastopexia no outro seio. Não senti dor em nenhum momento. Depois fiz uma lipoaspiração para enxertar [gordura] na mama e proteger a prótese". Para Jmsvarusha, o mais difícil foi "assumir a doença". Olhando para trás, o que mais destaca é o trabalho dos cirurgiões que ajudaram a superar a doença.

O trabalho dos profissionais da área da oncologia e dos cirurgiões durante todo o processo é fundamental. Esses especialistas realizam um trabalho exemplar, avaliando a melhor forma de tratar o tumor de acordo com cada paciente. Em alguns casos, por meio de uma cirurgia conservadora, que permite retirar o tumor e o tecido que o rodeia mantendo a mama. O local em que se encontra o tumor, seu tamanho e o tamanho do próprio seio da paciente são determinantes para estudar se é possível enfrentar o câncer desse modo ou optar por uma mastectomia.

O papel que os cirurgiões desempenham talvez seja o trabalho mais elogiado pelas mulheres que tiveram câncer de mama. Laura destaca o atendimento exemplar que recebeu, assim como a paciência e o carinho desses especialistas, que diariamente devem tratar essa doença. A própria Laura nos conta sobre o enorme trabalho que esses profissionais desenvolvem: "Desde o primeiro momento me senti muito tranquila, pois o cirurgião plástico que ia me operar me passou a confiança que precisava e entendeu perfeitamente o que eu sentia e queria ao fazer a reconstrução". Um trabalho que vai além do simplesmente necessário, pensando em oferecer um atendimento humanizado.

O suporte e o carinho dos cirurgiões e dos profissionais da área da oncologia é fundamental, mas o apoio emocional também é especialmente importante. Muitas mulheres receberam a atenção individualizada de terapeutas especializados em psicoterapia oncológica, profissionais que oferecem atendimento à paciente e sua família durante esses momentos tão complicados. Como comenta Laura, a remoção da mama "não me fazia [sentir] menos mulher, mas psicologicamente afeta porque vendo diariamente as cicatrizes da mastectomia, me lembrava da má experiência que tive". É justamente durante esse tempo quando o choque emocional é mais forte, quando a doença já foi superada, mas ficam as lesões que evidenciam uma batalha que foi vencida e que não deixam de ser parte de uma experiência traumática.

Os cirurgiões, juntamente com todos os profissionais que durante o processo atendem mulheres que recebem tratamento contra o câncer de mama, têm o importante papel de fortalecer a mulher nessa luta contra a doença. O objetivo, além de aumentar a sua autoestima, é de recuperar a feminilidade para que possam estar completas novamente e, sobretudo, seguras de si mesmas.

Atualmente, o diagnóstico precoce é a melhor garantia de superação. Apesar do índice de mortalidade ter reduzido de maneira importante, apenas 7,9% das pacientes têm sobrevida em cinco anos após o diagnóstico da doença no estágio 4, segundo o INCA. Por isso, é fundamental conscientizar a população sobre a necessidade de realizar controles de rotina, como o autoexame das mamas, para detectar o tumor precocemente.

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