Cirurgia ortognática e seus benefícios para o paciente

Muitas vezes, o tratamento com aparelho ortodôntico não é suficiente para solucionar problemas de mastigação. Quando existe uma alteração no posicionamento dos ossos da face que sustentam os dentes, pode ser necessária a cirurgia ortognática.

Esta intervenção acaba gerando receio em algumas pessoas que necessitam corrigir o posicionamento da mandíbula e da maxila. Mas é importante comentar que as técnicas atuais promovem um pós-operatório mais confortável ao paciente, resultando na melhora da estética facial e na mastigação. Conversamos com o Dr. Paulo Vasconcelos Stefani para saber todos os detalhes da cirurgia ortognática.

Em que casos é indicada a cirurgia ortognática e partir de que idade o paciente pode se submeter à intervenção?

A cirurgia ortognática é indicada em casos em que existe falta de equilíbrio e harmonia dos ossos da face. Muitas vezes, o paciente apresenta mordida ruim, não só por mau posicionamento dentário, mas também por alteração do posicionamento dos ossos que sustentam os dentes.

Atualmente, sabemos que esta posição alterada pode ocasionar, além da mordida instável, outras consequências para o paciente. Dentre elas, podemos citar: ronco e apneia obstrutiva do sono, disfunção de ATM e estética facial e do sorriso deficiente. A cirurgia normalmente é realizada após o término do crescimento, porém, muitos casos podem ser trabalhados de maneira precoce para evitar consequências desta alteração no organismo e no psicológico da pessoa.

É necessário algum tratamento antes da cirurgia? De quanto tempo?

Sim, é necessário utilizar aparelho ortodôntico. Para isso, o paciente precisa ser avaliado pelo cirurgião bucomaxilofacial que, em conjunto com ortodontista, planeja o tratamento indicado para correção. O tempo de tratamento pré-operatório normalmente gira em torno de 8 meses, porém, cada caso deve ser avaliado individualmente, podendo variar bastante conforme a necessidade.

Qual é o passo a passo de todo o procedimento e em quanto tempo o paciente pode ter sua alteração corrigida?

Normalmente, o paciente inicia o tratamento ortodôntico, faz a cirurgia e mantém aparelho por mais alguns meses após a intervenção. Essa sequência de tratamento pode ser alterada de acordo com a necessidade do caso. Alguns pacientes podem precisar de uma cirurgia para expandir a maxila no início do tratamento ortodôntico.

Extrações dos dentes do siso também são necessárias na maioria dos casos antes da cirurgia ortognática. Atualmente, utilizamos ancoragem esquelética com miniplacas (dispositivo fixado ao osso) para acelerar e viabilizar movimentos ortodônticos complexos. Além disso, também reduz a necessidade de extrações dentárias.

Dr. Paulo Vasconcelos Stefani

Como é a recuperação da cirurgia ortognática e que cuidados o paciente deve ter nessa fase?

A recuperação da cirurgia ortognática requer alguns cuidados com relação à dieta, à restrição ao esforço físico e à utilização de medicamentos. Normalmente, o paciente que nós operamos mantém dieta líquida e pastosa na primeira semana. A partir da segunda semana, inicia-se gradativamente uma dieta mais consistente, como por exemplo, massa, alimentos bem cozidos, arroz com purê de batata e feijão. É importante também nesta fase o acompanhamento com fisioterapeuta e/ou fonoaudiólogo para que a recuperação seja mais rápida e tranquila.

Que benefícios o paciente pode ter com a cirurgia ortognática? É uma cirurgia definitiva?

Os benefícios da cirurgia ortognática são inúmeros. Os pacientes que se submetem à cirurgia ortognática apresentam melhora na mordida, na estética facial, do sorriso, melhora na mastigação e, como consequência, digestão dos alimentos. Muitos pacientes, pela falta de equilíbrio dos músculos responsáveis pela mastigação, podem ter dor na face e dor de cabeça. Ao devolvermos este equilíbrio, estaremos dando condições para que o desconforto desapareça.

É importante ressaltar que a cirurgia ortognática não trata a disfunção de ATM, mas ela promove equilíbrio necessário para uma articulação saudável. Pacientes com disfunção de ATM devem ser rigorosamente diagnosticados e tratados antes.

Atualmente muitos pacientes procuram ou são indicados para fazer a cirurgia ortognática com intuito de tratamento do ronco e/ou apneia obstrutiva do sono. O mau posicionamento da maxila e da mandíbula interfere diretamente no espaço necessário para passagem de ar aumentando assim a necessidade de maior pressão e esforço. A cirurgia ortognática age diretamente ao aumentar esse espaço e promove melhora importante nesta condição.

Existe algum risco? Quem não é candidato à cirurgia ortognática?

Como qualquer procedimento cirúrgico, a cirurgia ortognática necessita avaliação da saúde do paciente. Normalmente, realizada sob anestesia geral, faz-se necessária avaliação pré-operatória criteriosa. Pacientes que possuem problemas de saúde grave e/ou descompensado necessitam tratar ou estabilizar esta condição primeiramente.

Pacientes com disfunção de ATM devem ser rigorosamente diagnosticados e tratados antes de iniciar ortodontia. É muito importante que seja realizado um bom e preciso diagnóstico e planejamento do caso. Para isso, atualmente, contamos com tecnologia para avaliação e planejamento 3D da tomografia computadorizada.

Algum ponto importante que não foi abordado e que o doutor gostaria de comentar?

A cirurgia ortognática começou a ser mais realizada no Brasil por volta dos anos 80. Evoluiu muito nos últimos anos e hoje é um procedimento muito comum de ser realizado. Apesar de traumático, como qualquer cirurgia, possuímos artifícios para reduzir o desconforto pós-operatório e abreviá-lo por curto espaço de tempo.

Os benefícios já explicados ainda vão além. A melhora na qualidade de vida, na autoestima, na produtividade do trabalho ou dos estudos são tremendos e significativos. Podemos dizer, então, que serão poucas semanas de desconforto para uma vida com mais alegria e mais realização.